quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Basel

Na segunda, nossos pais preferiram conhecer Basel, já que é pertinho de casa e eles poderiam descansar um pouco mais depois do domingo puxado que tivemos.
Apesar de viver na região, nunca falei de Basel aqui, então acho interessante fazer uma apresentação prévia: Basel (ou Basileia em português) é a terceira maior cidade da Suíça e conta com uma população de aproximadamente 170.000 habitantes. A região de Basel é dividida em Basel-Stadt (Basel Cidade) e Basel-Land (Basel Interior, que é onde moro). Faz fronteira com a França (em St. Louis e Huninguen) e com a Alemanha (em Weil-am-Rhein e Lörrach). Mas quando falo em fronteira, quer dizer que do centro, em menos de 20 minutos de Tram, você pode atravessar uma dessas fronteiras. Por esse motivo, possui também o Euro-Aiport (ou Basel-Mulhouse-Freiburg Aiport), que atende os três países, fica em território francês, mas é administrado pela França e Suíça (sendo assim, se você desembarcar por lá, pode ser submetido ao controle de imigração suíço e/ou francês). É onde o Jr trabalha. Basel é ainda considerada a capital cultural da Suíça, e freqüentemente há inúmeros eventos aqui pela cidade. Abriga ainda, uma quantidade considerável de grandes indústrias químicas e farmacêuticas.

Gosto muito de Basel, porque apesar de ser uma cidade “grande” e mais cosmopolita, tem todo um charme nas construções e nos pontos turísticos. Aqui não há lago como em outras cidades, mas sim o Rio Reno que corta toda a cidade e que serve também de transporte para embarcações com carros, containers e afins. Dessa forma, o rio divide a cidade em duas: Gross Basel (Grande Basel) e Klein Basel (Pequena Basel). Em Gross Basel, encontra-se o centro velho.

Estação de Basel
Voltando ao passeio com os pais, iniciamos na estação de Basel (que modéstia parte, é uma das mais bonitas que já vi pela Suíça), depois passamos pelo Teatro, onde se encontra a Tinguely Fountain – é uma fonte com várias engenhocas trabalhando e que tem uma vista linda com uma Catedral de fundo. Depois, descemos pela Barfüserplatz e demos uma volta pelo centro velho e chegamos na Marktplatz – é uma praça grande onde todos os dias se realiza uma feira ao ar livre, com frutas, queijos, antepastos, pães, ervas, flores e afins. De frente com a Marktplatz fica a Câmara Municipal de Basel, um prédio avermelhado que ocupa este local desde o século XIV.


Tinguely Fountain


Vista da Catedral da Tinguely Fountain

Câmara Municipal de Basel
Saindo de lá, subimos uma ladeira e chegamos ao Münster (ou Mosteiro de Basel), que foi construída com pedras avermelhadas, tem duas torres gêmeas e os telhados coloridos. Dentro dela há inúmeras tumbas de personalidades importantes que viveram na região. A Igreja é bonita, mas não posso negar que acho o clima lá de dentro meio pesado. Não sou muito chegada nesse cheiro de pedras, essa coisa meio gelada, sabe?! Quem tem fôlego, pode pagar 5 Francos e subir até o topo da torre, mas a essa altura todos já estavam meio cansados. Eu já subi uma vez com amigos da escola, e apesar dos degraus irregulares e um certo cansaço, posso dizer que a vista lá de cima vale muito a pena. Do lado de fora da Igreja, pode-se ter também uma vista maravilhosa do Rio Reno, suas pontes e de Klein Basel.

Ladeira que dá acesso ao Münster

Vista do Münster

Juntos, com o Reno de fundo
Depois da visita, descemos algumas escadas e pegamos um barquinho que é ligado a um cabo de aço e que conforme a mudança do leme vai para um lado ou para outro. É uma tradição aqui da cidade que foi conservada, já que antigamente não havia pontes e esse era o único meio de transporte do povo para ir para o outro lado da cidade. Atravessando o rio Reno do Münster, chegamos em Klein Basel. Nesse ponto de desembarque do barquinho há vários bares e restaurantes, bancos para sentar e uma vista espetacular para o outro lado! Dá para ver o Münster inteiro e todas aquelas casinhas juntas umas às outras bem à beira do rio.

Vista do outro lado do Reno,
com o Münster ao fundo

Vista do Reno, com o barquinho
fazendo a travessia

Almoçamos em um restaurante por lá mesmo, eles compraram algumas lembrancinhas por lá e depois voltamos pela Mittlere Brücke (ou Ponte Central), que é a ponte mais antiga da cidade, construída em 1226. De lá, consegue-se pegar o Tram 11, que para na portinha de casa!

Basel ainda tem inúmeros museus; por enquanto só conheço o de Histórias Naturais, mas pretendemos em breve conhecer todos os outros. Esses programas serão melhores no inverno...

No final da tarde, resolvemos fazer um Pic Nic no Grün 80, que é um parque aqui perto que adoramos ir. Nada mais gostoso que passar o final da tarde com os pais, sentados em uma grama verdinha, comendo, bebendo e vendo o Sol se pôr... 

Pic Nic no parque com a família...
Não tem preço!






Felizes!!!



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Jungfrau


Acordamos às 6h pra pegar o trem em Basel em direção a Interlaken. A intenção era pegar o trem das 7h, mas no final achamos melhor tomar um café mais tranqüilo e pegar o trem das 7:30h. Pais ansiosos, afinal nenhum conhecia a neve, a previsão era de -7 Graus e estávamos indo pro topo da Europa!!! Sempre quisemos conhecer lá, e pensávamos em uma ocasião especial. Tem ocasião mais especial que estar com todos os pais juntos? Esse era o momento! Então... Todos encapotados? Partimos.

A viagem de Basel para Interlaken Ost dura 2 horas. Fomos em um trem alemão chamado ICE, que é tão confortável quanto um trem suíço, com a comodidade de viajar em cabines. De lá, pegamos outro para Lautenbrunnen (796m). De lá, outro para Klein Scheidegg (2061m). De lá, outro para Jungfraujoch (3454m). Esse último trem passou a maior parte da viagem por túneis dentro da montanha. Ufa! No final das contas, depois de muita viagem de trem, chegamos às 11:30h, 4 horas depois.

No trem a caminho de Interlaken


Vista do trem de Interlaken


Estação de Lautenbrunnen

De Lautenbrunnen para Klein Scheidegg

Estação de Klein Scheidegg

Vista linda!

De Klein Scheidegg para Jungfraujoch
Muita gente botou medo na gente em relação à falta de ar que sentiríamos, tontura e entre outros sintomas desagradáveis por conta da altitude. Mas sinceramente? A única coisa que sentimos foi aquela pressãozinha chata no ouvido, nada que aos poucos não fosse melhorando.

Chegando lá, fomos conhecer o Eispalast, uma caverna de gelo. Suuuper frio! Lá tinha algumas esculturas de gelo bem legais e alguns corredores. Depois pegamos um elevador que subia 117m em 8 segundos, resultando numa altitude de 3571m, com direito a uma vista maravilhosa! Lá do alto víamos as montanhas com um vale branquinho bem no meio. O tempo estava relativamente bom, sol com algumas nuvens e em alguns lugares uma certa cerração. A temperatura estava por volta de 0 Grau.

Eispalast

Que frio!



Achei fofinho!

Vista depois de pegar o elevador

Que vista!

Enfim, descemos de elevador e fomos rumo à tão esperada neve! Muito legal, ver a sensação deles pisando pela primeira vez na neve, tocando, experimentando... Eles adoraram! E nós, claro, como apreciadores de um bom friozinho, nos divertimos também:


Pula...

Pula...

E pula!!!


Capa de CD rsrsrs

Olha a alegria

Vista maravilhosa!

Família linda!

:)





Pulamos, deitamos, rolamos, comemos, jogamos neve até cansar! Depois almoçamos, demos mais umas voltas e apreciamos mais algumas paisagens e decidimos voltar. Obviamente Jungfrau é um dos principais pontos turísticos da Suíça, e logo, tem que se ter uma certa paciência com a quantidade de turistas que se encontra por lá. É uma montanha bonita sim, mas tão bonita quanto muitas outras que tem aqui (e mais baratas - sim, porque ir ao topo da Europa não é nada barato...), na minha opinião. Tem que ir pelo menos uma vez pra conhecer!

Na volta, pegamos o trem das 16h e chegamos às 17:40h em Grindewald (pegamos o trem por outro caminho ao invés de voltar por Lautenbrunnen). O trem para Interlaken sairia em 9 minutos, mas resolvemos esperar o próximo (que saía em 30 min) para dar uma conhecida rápida na cidade, que parecia bem bonitinha. Grindewald parece uma cidade bem turística, com muitos hotéis e comércio. Bem pequenininha e bem bonitinha, com uma vista espetacular para os Alpes! Mas esse tempo foi o suficiente. 

Grindewald

Grindewald

Pegamos o trem de volta das 18:19h e às 21:30h estávamos sãos e salvos em nossa casinha em Reinach. E pra fechar com chave de ouro, nada melhor que um foundue de queijo pra terminar o dia maravilhoso que passamos na montanha. Típico dia suíço!

E chegou o sábado


Finalmente chegou o dia da chegada dos nossos pais. Quem nos conhece, sabe bem do poço de ansiedade que somos... Na sexta fomos dormir super tarde terminando de ajeitar os últimos detalhes e no sábado acordamos às 7h da manhã.  Óbvio que sem necessidade porque o vôo deles só chegava às 11:10h. Aí acordamos, tomamos um café bem tranqüilo e 9:30h saímos pra pegar o trem pro aeroporto de Zurique.

Ficamos a sexta inteira pensando no embarque deles no Brasil, como será que foi o vôo? Em especial meu pai que nunca tinha viajado de avião e até então tinha dito que nunca andaria em um porque tinha medo. Quando chegamos no aeroporto, estava aquela muvuca de gente (acho que tem muita gente viajando de sexta pra sábado) e a cada chamada no alto falante, ficávamos super atentos, com medo de algum problema com a imigração (não que tivessse nada de errado), mas porque nenhum deles falam inglês. Deixamos até uma cartinha pronta com nossos telefones e tal. Mas felizmente tudo correu bem e por volta das 11:45h tivemos a alegria de ver nossos pais queridos pisarem em terras suíças.

Olha eles saindo lá no fundo!

Que alegria!

No trem a caminho de Basel

Matando saudades

Foi uma alegria só, tão bom rever quem a gente ama... E ver a alegria deles, tudo é novidade, tudo é bonito, legal.... E meu pai?!?! AMOU viajar de avião! Falou que se soubesse que era tão tranqüilo, já teria viajado antes rsrs... Alívio pra mim, que sei que posso contar com outras visitas dele aqui J

Nossa primeira refeição foi em Basel: um Kebab. Depois viemos pra casa, eles conheceram nosso cantinho, adoraram tudo e descansamos da viagem. À noite os levamos à igreja, que inclusive ia celebrar dois casamentos. Todos foram muito simpáticos com eles e claro, eles gostaram. Fico feliz de ver que eles ficam mais tranqüilos agora de nos ver bem aqui, ver a vida que levamos e que estamos muito bem... Enfim... Chegamos sábado bem a noitinha em casa e logo fomos dormir, porque o domingo prometia altas emoções: Jungrfrau, aí vamos nós!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ansiedade


Essa semana tá sendo um misto de ansiedade e cansaço pra mim. Cansaço porque o alemão está consumindo TODOS meus neurônios, todos estão fadigados rsrsrsrs.... O trabalho vai bem, acho que tenho melhorado cada dia mais, devagar, mas a cada dia consigo perceber um novo progresso, numa frase nova que eu formo, em algo que consigo entender e assimilar. Com os velhinhos ainda tem sido um pouco difícil, o dialeto ainda é um obstáculo. Mas hoje consegui até dar uma informação na rua, tudo em alemão e eu acho que a mulher pela cara, entendeu tudo. Que emoção! Descobri também um curso de alemão para hospital que achei super interessante, com gramática e vocabulário voltado todo pra minha área, uma vez só por semana, por duas horas. Adorei porque vou conseguir conciliar com o curso de manhã e aprender mais da área de enfermagem. Estou tentando me manter dedicada ao máximo nos estudos, ainda mais quando o Jr está viajando L Hoje até comprei um livro novo de alemão com conjugações verbais e um mini dicionário de Deutsch-Schweizerdeutsch (afinal de contas, é praticamente outra língua!). Tá bom, podem falar que sou nerds, já tô acostumada mesmo rsrsrs. Mas o estudo é uma questão de sobrevivência pra mim! Ou estudo e falo com todos e trabalho na minha área ou não estudo e fico aí como várias pessoas que moram anos aqui e não falam absolutamente nada. Morro de medo disso.

Novos livros
Estudos de todo dia...

E pra quem acha que o alemão é o mesmo aqui...
Tem até dicionário pro dialeto!

Mas mudando de assunto, tô ansiosa também porque no sábado nossos pais chegam aqui em casa. Quero muito que tudo dê certo, é a primeira vez que meus pais saem do país, a primeira vez que todos vão conhecer nosso “velho” novo lar, nossa cidade, nosso novo país... Vamos ficar a primeira semana aqui na Suíça, até porque o Jr vai pra Alemanha a trabalho na quarta e só volta na sexta. Aí no outro sábado vamos pra Praga e depois pro norte da Itália. São nossas férias também! Amo viajar e conhecer lugares novos e com os pais aqui então, tenho certeza que vai ter um gostinho todo especial. Não vejo a hora deles chegarem, quero muito aproveitar colinho de mamãe que eu tanto sinto falta, comidinhas (tenho que dar o crédito a comida da sogra também que eu amo!), conversas... Espero que esses 15 dias passem beeeeeeeemmm devagar! Só trabalhei até hoje porque quinta é meu dia de lavar a roupa e sexta quero deixar a casa organizada pra chegada deles. E é isso aí! Que venha o sábado!

Iupiiiiii!


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Costumes

Acho incrível como nossa mente se abre quando estamos em contato com o mundo literalmente. Posso dizer que Basel é a cidade mais multicultural da Suíça e isso não falo só por mim, já vi muita gente dizer isso. Às vezes penso que estou numa “Torre de Babel”. Tantas línguas diferentes que se ouve, tantas roupas diferentes (aqui vejo aquelas indianas com roupas suuuper coloridas e barriga de fora e muçulmanas até de burca), tantos costumes... E eu que morava em SP, e achava que era uma cidade tão internacional, só porque escutava um inglês de vez em quando na Paulista...

E é na escola que muitas vezes eu entro em contato com todo esse mundo novo pra mim. Nesse segundo curso que estou fazendo tem gente de tudo quanto é lugar: Somália, Eritreia, Índia, Turquia, Madagascar, Coréia do Sul, Rep. Dominicana e por aí vai... E nessa semana, numa atividade, tínhamos que falar de uma festa típica de nosso país, e fiquei num grupo com um turco e um indiano, cada qual falando de suas festas, quanta coisa diferente, significados, sentidos! Eu, apesar de não gostar, falei do carnaval, já que é uma festa mundialmente conhecida. Mas fiquei só no sambódromo e fantasias mesmo, deixei de fora todo o resto de putarias e bebedices. O indiano até perguntou inocentemente pra mim: “Pode ter bebida alcoólica no carnaval?” Nas festas deles o álcool era proibido... Ainda no tema festa, perguntaram para um cara do Sudão: “O que vocês costumam dar de presente no aniversário?” E ele: “Comidas...” A professora: “Ahh que interessante, que tipo de comida?” E ele, finalmente: “Ahh um jacaré, uma cobra...” Hahahahahahahahah todo mundo ficou boquiaberto com a resposta dele, e ele lá, na maior naturalidade.

Outro dia o tema foi estado civil, casamentos, etc... E o indiano explicando que os pais deles que escolhem a noiva e tal, que eles ficam noivos por um tempo e depois casam... Foi uma bagunça só, principalmente pro povo latino, que achava um absurdo alguém escolher uma pessoa pra você passar o resto da vida. Mas o estopim mesmo foi quando o cara da Somália falou que eles tinham quatro mulheres e que qualquer tipo de homossexualismo lá é sentença de morte na certa. Ele até gesticulou com uma faca cortando o pescoço...

Outra situação que me fez pensar em tudo isso foi hoje, numa conversa com dois velhinhos no trabalho. Eles perguntaram de onde eu vim e eu disse que do Brasil; o velhinho olhou assustado pra mim e falou: “Achei que no Brasil só tivesse pessoas escuras.” Hã?! Eu tentei explicar, até onde meu alemão permitiu que não, no Brasil não tem só negros, que somos uma grande mistura de povos. E essa não é a primeira vez que isso acontece. Na hora eu pensei: “Não acredito que aqui possa ter gente ignorante assim (no sentido literal da palavra...) a ponto de não saber como é o Brasil!”

Mas aí logo depois eu pensei... Ignorante sou eu também que vivia meu mundinho lá no Brasil, entre família, trabalho, amigos e não tinha (e ainda não tenho) a mínima noção do que é a vida das pessoas no resto do mundo. Estou amando saber de culturas novas e outros costumes (isso não significa que eu goste, ok?!), mas acho interessante pensar que nesse mundão todo, tanta gente vive com outros valores e de modos diferentes... É como se a cabeça abrisse pra outras coisas que antes nunca tinha pensado, ou que só tinha visto em filmes e novelas, tudo bem distante...

Espero poder continuar conhecendo e entendendo cada vez mais todo esse povo, e quem sabe um dia também fazer a diferença na vida deles, contribuindo com a minha cultura e crença!... E claro, acima de qualquer coisa, respeito sempre.