Já tinha conhecido Genebra
num inverno gelado há 6 anos atrás, mas dessa vez, a visita tinha um motivo
mais especial do que passear novamente pelas ruas e às margens do imenso Lac
Lemán: conhecer o Museu Internacional da Reforma. Fiquei muito feliz em
conhecer um pouco mais da história e das raízes das crenças que sigo.
A viagem de carro de Basel
até Genebra dura mais ou menos 2:30h, mas dessa vez pegamos um transitinho de
uma hora a mais na entrada da cidade. É incrível e perceptível as diferenças
entre as partes francesa, italiana e alemã aqui na Suíça. Além do idioma, o
estilo das cidades, comidas e influências mesmo dos respectivos países. O dia
estava como abril inteiro, gelado, intercalando com ventania, períodos de sol e
chuva. Mas nada que impedisse nossa ida até o museu. Como é bom passear pelas
ruas e vielas e respirar a história de cada lugar!
Enfim chegamos ao museu –
ele fica meio que num “complexo”, anexado à catedral de Saint-Pierre, uma
igreja reformada enoooorme que me lembrou um pouco o Münster aqui de Basel por
dentro. O museu em si fica na Maison Maillet, que foi construído em 1723.
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Museu da Reforma
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Catedral de Saint Pierre
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Catedral de Saint Pierre
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Catedral de Saint Pierre
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Ele
conta a história da Reforma Protestante, basicamente iniciada por Martinho
Lutero na Alemanha e um tempo depois aqui na Suíça por Calvino, em resposta às doutrinas
católicas da época, como a compra de indulgências e leitura da Bíblia apenas
pelo clero (que aliás era escrita só em latim). João Calvino era francês e veio
pela primeira vez para a Suíça em Basel (!), que já tinha influência
protestante na época. Depois, foi para Genebra em 1536 fugindo das perseguições
dos protestantes na França e lá viveu por 28 anos, até sua morte. Depois do seu
afastamento da igreja católica, Calvino começou a ser visto gradualmente como a
voz do movimento protestante. Ele escreveu diversos livros e algumas teorias,
como a da predestinação e soberania de Deus, além da reorganização da igreja
(pastores, presbíteros, professores, diáconos, concílio, etc) e dos cinco "solas" (Sola Scriptura – Somente as
Escrituras, Solus Christus –
Somente Cristo, Sola Gratia –
Somente a Graça, Sola Fide –
Somente pela Fé, Soli Deo Gloria –
Somente glória a Deus).
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Indulgência vendida pela igreja católica (original)
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João Calvino
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Uma das cartas escritas por Calvino
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Partituras de hinos da época (alguns conhecidos até hoje!)
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Calvino e tantos outros reformadores trabalharam
duro na tradução da Bíblia em outros idiomas e na reestruturação da igreja.
Enfrentaram guerras, ataques da população e da igreja católica e até mortes em
público (como o caso do John Huss que foi queimado vivo em uma praça lá em
Praga). No museu, há vários manuscritos
de diversos reformadores, quadros, cartas, hinos e até a primeira Bíblia
traduzida para o inglês. História pra ficar o dia inteiro lá!
A cidade de Genebra acabou se tornando um refúgio
para os protestantes perseguidos por toda Europa e cresceu entre os anos de
1550 e 1560 de 12 para 20 mil habitantes. Depois do século XVI, os protestantes
estabeleceram igrejas na Escócia, Holanda e Inglaterra, países que até hoje têm
influência da reforma.
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Igreja Luterana em Genebra
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Ver de perto e conhecer um pouco mais da história
desses homens é emocionante, ver o quanto eles lutaram para que todos pudessem
ler as Escrituras e pudessem realmente entender da palavra de Deus. Me faz
pensar se tudo isso fosse hoje em dia, como seria... E ao mesmo tempo me entristece
em ver como hoje o país que foi um dos berços da Reforma está tão vazio
espiritualmente... E como tudo será daqui pra frente! Quem serão as pessoas que
farão história daqui pra frente?