segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sobre a vida profissional


Mais uma semana que voou. Parece que é só voltar a rotina que o tempo praticamente voa. Pois é, comentei aqui que havia começado a fazer o estágio lá no Altersheim onde fazia o voluntariado antes. Janeiro foi meu primeiro mês como estagiária. Eu ainda não consigo ao certo decifrar o que se passa na minha cabeça, a mistura de sentimentos e coisa e tal.... Acho que nunca falei aqui da minha situação profissional, então vamos por partes: 

Parte 1 - Sou enfermeira formada há 2 anos e antes disso fui técnica de enfermagem. No total, trabalhei 4 anos e meio em hospital, sempre na área de Pediatria (UTI Pediátrica e Enfermaria). Amo minha profissão, antes que alguém pense que algum dia quis ser médica. Meu negócio é cuidar e estar em contato mesmo com as pessoas. Ah, e tenho que ressaltar, muita gente não sabe, mas no Brasil enfermeira prescreve cuidados de enfermagem e muitos profissionais da minha classe trabalham com pesquisa científica, uma área que também gosto muito.

Parte 2 - Mudança pra Suíça. Eu sabia que a coisa não ia ser tão fácil, afinal de contas, aprender o alemão e falá-lo fluentemente não é uma tarefa tão fácil assim. Mas resolvi ir atrás. Primeiro comecei o curso de alemão do zero (nível A1), porque nunca havia tido contato com a língua. Um tempo depois, enviei minha documentação traduzida (histórico escolar, diploma e afins) para a Cruz Vermelha Suíça, que é como se fosse o órgão regulamentador da profissão aqui (creio que equivale mais ou menos ao COREN no Brasil). Paguei uma taxa salgadinha de uns 120 Francos só para eles avaliarem toda a documentação. Dias depois, recebi uma carta em casa dizendo que meu diploma equivale a uma Pflegefachfrau aqui, ou seja uma enfermeira graduada. Aqui, enfermagem não é uma universidade, mas sim uma Fachhochschule que não é nem um nível técnico, nem um nível universitário. Troço chato e difícil de entender, já que a grade escolar deles aqui é totalmente diferente da nossa. Enfim, tudo isso queria dizer que eu posso trabalhar em um hospital como enfermeira DESDE que eu comprove um certo nível de fluência em algum dos três idiomas oficiais do país, no caso para mim, o nível B2 comprovado pelo TELC (The European Language Certificate).

Parte 3 - Mão na massa. Com a resposta da Cruz Vermelha em mãos, tudo o que eu precisava era o alemão. Só isso né?!  Foi aqui que tive a idéia do trabalho voluntário no asilo, ficar mais em contato com a língua (e o dialeto) e praticar mais. O começo foi muito bom, aprendi muito vocabulário, meu ouvido aprendeu a se acostumar mais com o dialeto, embora ainda ache difícil. Daí que agora estou num curso do B1 hiper mega master intensivo todas as manhãs e a tarde estou fazendo o estágio. A coisa não tá mais tão mamata como no começo (como esperado, claro). Meus professores acham que tenho capacidade de fazer a prova do TELC pro nível B2, mesmo frequentando o nível B1 nesse momento. Segundo eles, não há tanta diferença entre os níveis. O detalhe é que a prova é no final de março! 

Parte 4 - Enlouquecer. Sim, é o sentimento que tenho de vez em quando. Aliás, nesse momento estou bem insegura. Não sei se dei um passo maior que a perna encarando esse estágio. Não sei se deveria dar prioridade total pros estudos agora e depois pensar em trabalho. Por um lado, acho que o serviço é bom, pois me mantém em contato constante com a língua. Por outro, não estou estudando do que jeito que deveria pra essa prova (que diga-se de passagem, custa 290 Francos). Não acho que estou me dedicando do jeito que deveria pra isso, chego em casa bem cansada, o serviço é puxado. E o curso também não é uma coisa barata. O que fazer? 

Parte 5 - Decisões. Decidi que embora o trabalho tenha sido uma experiência boa, os estudos estão a frente no momento. Se eu realmente quero voltar a atuar como enfermeira, tenho que me dedicar ao alemão. Tenho que falar fluentemente, é uma responsabilidade grande. Imagina um paciente tendo uma dor precordial e eu não entendendo o que é? O sujeito infarta na minha frente e eu também... Tenho que saber como argumentar com a equipe médica, funcionários e etc. Às vezes me desanimo, parece que estou tão longe de tudo isso. Mas aí penso também nos 4 anos dedicados à faculdade e como me realizo cuidando e isso me dá forças de novo.

Assim, conversando com o marido e tentando avaliar toda a situação, decidimos que o melhor seria eu parar de trabalhar. Decisão difícil, quanta gente que eu conheço que luta tanto pra encontrar um emprego. Até me sinto um pouco ingrata. Mas decidi abdicar agora, decidi me esforçar um pouco mais agora, ainda que o salário, por menor que seja faça falta. Tudo pra voltar a trabalhar com o que eu amo. Espero que tudo que está sendo plantado agora nos dê bons frutos em breve. Sei da dificuldade de um imigrante se recolocar profissionalmente em outro país. Mas sem otimismo e fé em Deus, é impossível continuar! E assim vou em frente, com a esperança e a fé de que o que Deus reservou pra mim é o melhor.

2 comentários:

  1. Essa é a Larissa! Não aceita nada "meia boca"!
    Querida, se você tomou essa decisão, tenho certeza que foi direcionamento de Deus, pois Ele é o Senhor de sua vida e tem grandes bençãos reservadas para o seu futuro, mas vai com calma, não se cobre tanto assim, logo você vai estar falando alemão melhor do que muitas enfermeiras por aí! bjs!

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  2. Que bom que você tenha humor ao escrever, sinal de que fez a escolha certa. É isso, não se cobre tanto, pois pelo que os professores disseram, você está muito bem. Tudo na vida é escolha, mas tenho certeza que Deus está preparando o melhor para você, ou seja "TRABALHAR COMO ENFERMEIRA EM UM HOSPITAL". Tudo a seu tempo. Paciência e muita fé. Estou torcendo por você. BEIJOS com saudades.
    Mamys

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