Nessas últimas
semanas, assim como ano passado, tivemos a feira de outono de Basel, a Basler
Herbst Messe. Como no ano passado, a feira foi praticamente a mesma – mesmas
barraquinhas de brincadeiras, mesmos brinquedos, mesma comida. Tudo no mesmo
lugar que estava ano passado. Foi muito legal ir pela primeira vez ano passado
e relembrar de algumas coisas das quermesses e festas juninas que ia no Brasil.
Esse ano, no canal de TV de Basel, vi algumas reportagens lá na feira. Fomos
este ano também, umas duas vezes. Passear pelas praças onde as feiras estavam e
ver toda aquela gente se divertindo, comendo, brincando com a família, indo nos
brinquedos e tal me fez pensar em como as pessoas aqui são mais simples quando se fala em felicidade.
Não sei se o brasileiro tem se tornado mais consumista nos
últimos anos, mas tenho a impressão de que depois que conseguimos algo, sempre
queremos alcançar logo outra coisa pra sermos “completamente” felizes. Sei lá,
tipo uma falsa impressão de que se não tivermos aquilo, não seremos completos.
Não to dizendo que não tá certo almejarmos aquilo que queremos, mas o que tá em
questão aqui é essa ânsia desesperada de sempre querer mais e mais e basear a
sua felicidade nisso. Conheço poucos suíços, mas gosto muito de observar na rua
as atitudes, os gestos. Por exemplo, nessa feira de outono. Vejo que todo ano
parece ser a mesma coisa, mas ainda assim eles se contentam com as mesmices e
tem o maior orgulho de frequentar a feirinha. Mesmo durante o dia, estão sempre
cheias. Além disso, é tudo tão simples, uma brincadeira de atirar bolas na lata
pra ganhar um bichinho de pelúcia por exemplo. Acho que o que estou querendo dizer é
que as coisas materiais não tem muito valor, sabe. Um suíço não tá muito
interessado em saber qual é a marca do seu sapato e quantos pares você
tem. Para ele, basta pouca coisa, desde
que tenha qualidade. Não vejo o povo daqui como consumista. Vejo como um povo
que gosta de aproveitar a vida, inclusive nos pequenos detalhes. E esses
pequenos detalhes também os fazem felizes. Eu sei que tem o outro lado da história, a Suíça é um dos países com maior índice de suicídio, taxas altas de depressão e tal e eu acredito que as motivações (se é que tem motivação pra cometer suicídio) para tudo isso são outras.
Tenho mudado muito meu jeito de
viver aqui, principalmente nesse quesito contentamento. Não to querendo dizer
também que não gosto de comprar uma roupa nova, de ver as coisas da moda,
afinal de contas ainda sou mulherzinha :) O negócio é o valor que se dá para
isso. Aliás, como disse na outra vez, eles gastam um dinheirinho bom nessas
feiras, mas é o momento com a família, com os amigos, seja brincando, seja
comendo uma salsicha... É isso que tem valor. O momento. E é isso que eu tenho
aprendido. A dar valor para o momento, para as memórias, para as viagens. Para
aquilo que eu possa deixar registrado na minha memória, que me deixe feliz
sempre que lembrar. O resto passa e se apegar a coisas materiais é um
sofrimento desnecessário!
Agora a feirinha de
outono já acabou e a mesma feirinha de Natal do ano passado já está sendo
preparada pelas praças espalhadas na cidade :)