segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Costumes

Acho incrível como nossa mente se abre quando estamos em contato com o mundo literalmente. Posso dizer que Basel é a cidade mais multicultural da Suíça e isso não falo só por mim, já vi muita gente dizer isso. Às vezes penso que estou numa “Torre de Babel”. Tantas línguas diferentes que se ouve, tantas roupas diferentes (aqui vejo aquelas indianas com roupas suuuper coloridas e barriga de fora e muçulmanas até de burca), tantos costumes... E eu que morava em SP, e achava que era uma cidade tão internacional, só porque escutava um inglês de vez em quando na Paulista...

E é na escola que muitas vezes eu entro em contato com todo esse mundo novo pra mim. Nesse segundo curso que estou fazendo tem gente de tudo quanto é lugar: Somália, Eritreia, Índia, Turquia, Madagascar, Coréia do Sul, Rep. Dominicana e por aí vai... E nessa semana, numa atividade, tínhamos que falar de uma festa típica de nosso país, e fiquei num grupo com um turco e um indiano, cada qual falando de suas festas, quanta coisa diferente, significados, sentidos! Eu, apesar de não gostar, falei do carnaval, já que é uma festa mundialmente conhecida. Mas fiquei só no sambódromo e fantasias mesmo, deixei de fora todo o resto de putarias e bebedices. O indiano até perguntou inocentemente pra mim: “Pode ter bebida alcoólica no carnaval?” Nas festas deles o álcool era proibido... Ainda no tema festa, perguntaram para um cara do Sudão: “O que vocês costumam dar de presente no aniversário?” E ele: “Comidas...” A professora: “Ahh que interessante, que tipo de comida?” E ele, finalmente: “Ahh um jacaré, uma cobra...” Hahahahahahahahah todo mundo ficou boquiaberto com a resposta dele, e ele lá, na maior naturalidade.

Outro dia o tema foi estado civil, casamentos, etc... E o indiano explicando que os pais deles que escolhem a noiva e tal, que eles ficam noivos por um tempo e depois casam... Foi uma bagunça só, principalmente pro povo latino, que achava um absurdo alguém escolher uma pessoa pra você passar o resto da vida. Mas o estopim mesmo foi quando o cara da Somália falou que eles tinham quatro mulheres e que qualquer tipo de homossexualismo lá é sentença de morte na certa. Ele até gesticulou com uma faca cortando o pescoço...

Outra situação que me fez pensar em tudo isso foi hoje, numa conversa com dois velhinhos no trabalho. Eles perguntaram de onde eu vim e eu disse que do Brasil; o velhinho olhou assustado pra mim e falou: “Achei que no Brasil só tivesse pessoas escuras.” Hã?! Eu tentei explicar, até onde meu alemão permitiu que não, no Brasil não tem só negros, que somos uma grande mistura de povos. E essa não é a primeira vez que isso acontece. Na hora eu pensei: “Não acredito que aqui possa ter gente ignorante assim (no sentido literal da palavra...) a ponto de não saber como é o Brasil!”

Mas aí logo depois eu pensei... Ignorante sou eu também que vivia meu mundinho lá no Brasil, entre família, trabalho, amigos e não tinha (e ainda não tenho) a mínima noção do que é a vida das pessoas no resto do mundo. Estou amando saber de culturas novas e outros costumes (isso não significa que eu goste, ok?!), mas acho interessante pensar que nesse mundão todo, tanta gente vive com outros valores e de modos diferentes... É como se a cabeça abrisse pra outras coisas que antes nunca tinha pensado, ou que só tinha visto em filmes e novelas, tudo bem distante...

Espero poder continuar conhecendo e entendendo cada vez mais todo esse povo, e quem sabe um dia também fazer a diferença na vida deles, contribuindo com a minha cultura e crença!... E claro, acima de qualquer coisa, respeito sempre. 



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